05/03/2020 19h40 – Atualizado em 05/03/2020 19h40
Atvos pode ser colocada à venda em breve, dependendo do resultado das assembleias de credores da companhia e de sua holding
Considerando a produção atual e a capacidade instalada da antiga Odebrecht Agroindustrial, executivos acreditam que o negócio varie entre R$ 7,3 bilhões e R$ 13 bilhões
Por novaCana.com – com informações do Valor Econômico
Com nove unidades e uma capacidade de moagem de quase 40 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra, a Atvos – antiga Odebrecht Agroindustrial – é um dos maiores grupos sucroenergéticos do Brasil. A empresa também é a maior do setor a enfrentar uma recuperação judicial.
De acordo com reportagem publicada hoje (3) no Valor Econômico, a Atvos pode ser colocada à venda em breve, dependendo do resultado das assembleias de credores da companhia e de sua holding. A princípio, a votação da Odebrecht ocorrerá no dia 18 de março, enquanto os credores da sucroenergética se encontrarão no dia 27.
Conforme a reportagem, os executivos da companhia acreditam que o valor do negócio deve variar entre R$ 7,3 bilhões e R$ 13 bilhões. Para o cálculo, eles consideraram a capacidade instalada e a produção efetiva da empresa, além de um valor mínimo de US$ 50 por tonelada de cana.
Entretanto, o próprio texto ressalva que esse patamar está acima do visto nas últimas negociações do setor. Em 2019, por exemplo, a Biosev vendeu duas unidades negociadas a US$ 15 e US$ 29 por tonelada de cana de capacidade instalada.
Uma discussão de longa data
Não é de hoje que credores da Atvos pedem por mudanças no controle da companhia. De acordo com reportagens do jornal O Estado de São Paulo, no ano passado, tanto o fundo Lone Star quanto o Castlelake – ambos credores da companhia – participaram de conversas sobre a possibilidade de assumirem o comando da Atvos.
Agora, conforme o Valor Econômico, a exigência vem do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco é o maior credor da sucroenergética, com mais de R$ 4 bilhões a receber.
Ainda segundo a reportagem, a Atvos tinha a expectativa de conseguir um prazo de quatro a cinco anos para vender a companhia. Pela nova proposta, entretanto, a venda pode ser pedida pelos bancos credores a qualquer momento após a homologação do plano de recuperação judicial.
Uma alternativa à venda seria a criação de uma estrutura de fundo de investimento em participação (FIP), que poderia gerir a Atvos. O objetivo – tanto da venda quanto da criação do FIP – seria justamente afastar a Odebrecht da administração da companhia.
Administrando a dívida
De acordo com as fontes consultadas pelo Valor, o plano de recuperação deve prever que metade dos compromissos da Atvos permaneça como dívida, enquanto a outra metade será convertida em um instrumento híbrido, sem vencimento, que funcionará como uma debênture de participação nos lucros (DPL).
A conversão da dívida em DPL, porém, não deve acontecer imediatamente, ficando vinculada à venda da companhia ou à criação do FIP. Em ambos os cenários, segundo a reportagem, a Odebrecht ficará com 10% do montante atribuído às ações da empresa.
No caso da venda, a Odebrecht recebe no ato. Já no cenário de um FIP, a holding passaria a ter um direito de 10% sobre a venda futura. Também teria ficado estabelecido que a companhia terá 2,5 anos de carência sobre juros. Esse serviço da dívida será somado ao total do compromisso no vencimento.
Além disso, caso em dois anos não ocorra nem a venda nem a transferência da gestão, metade da dívida será automaticamente convertida em DPL.