Designação “livre de febre aftosa sem vacinação” exige ação reforçada da vigilância
Em março de 2024, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) reconheceu Mato Grosso do Sul como estado livre da febre aftosa sem vacinação. A última imunização foi realizada em novembro de 2022.
O secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, explica que o estado está passando por um processo de qualificação – fazendo a transição entre a designação “livre de febre aftosa com vacinação” para “livre de febre aftosa sem vacinação” -, e que a Iagro vem se adequando e modernizando para atender a todos os requisitos.
Agora, sem a vacina, as ações de vigilância devem ser intensificadas, sendo o produtor rural o principal agente, como defende o diretor-presidente da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), Daniel Ingold.
“Tem todo um critério, um planejamento estratégico, para você tirar a vacina, porque ela deixa de ser uma ferramenta, é substituída por uma vigilância mais ativa, e é isso que nós estamos fazendo agora. A ferramenta está na vigilância. Cabe ressaltar que o grande ator disso, o primeiro vigilante efetivamente, é o produtor rural”, disse Ingold durante evento de entrega de viaturas para a Iagro, realizado na manhã desta quinta-feira (16).
Assim como o diretor da Agência, Verruck também coloca o produtor como principal vigilante, e aposta na informação para conscientizar os responsáveis pelo gado.
“Começa na educação do produtor rural, e em um sistema robusto de inteligência, para monitorar toda essa estrutura de rebanho no Estado”, aformou o titular da Semadesc.
Para fortalecer a relação entre o produtor e a Agência, o diretor-presidente pede que os pecuaristas confiem no trabalho da Iagro.
“Nós estamos aqui para trabalhar juntos em cima disso. Se tiver alguma notificação, a Iago estará lá prontamente para resolver”, garantiu.
Atualmente, existe um sistema de vigilância que abrange todo o estado, e classifica as áreas de acordo com o risco presente em cada uma delas. Uma propriedade que está próxima de um lixão urbano, por exemplo, entra na “área de risco”, e receberá mais fiscais da vigilância. Já um produtor que está “no fundo” do Pantanal, que não tem trânsito animal, é classificado como de risco menor.
Mato Grosso do Sul chegou a uma nota 3.95, a melhor do país no sistema de avaliação de agências de vigilância.
“Todo esse material é levado para a Organização Mundial de Saúde Animal. O Brasil está pleiteando essa designação de livre da febre aftosa. Isso vai ser decidido só em maio, não está garantido ainda para nós. Mas o ministério entende que o Brasil está pronto pelas notas que teve, pelas auditorias que teve”, disse Verruck.
Impacto
Verruck defende que, por mais que muitos digam que o benefício é os produtores não precisarem vacinar, o maior benefício será a abertura de mercado.
“A gente olha muito a bovinocultura, mas com a designação você imediatamente muda o padrão da suinocultura de Mato Grosso do Sul. Hoje, por exemplo, Santa Catarina é o único estado que exporta para o Japão. No momento que a gente estiver livre, nós podemos exportar também. Então a gente muda não só a cadeia produtiva da carne bovina, mas das outras carnes também”, conclui o secretário.