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O ano de 2020, ainda que concebido sob diferentes ângulos, marca, singularmente, a história da humanidade

31/12/2020 17h20 – Atualizado em 31/12/2020 17h20

O ano de 2020, ainda que concebido sob diferentes ângulos, marca, singularmente, a história da humanidade

Por ZENI, Joelcir. Bacharel e Licenciado em Filosofia. Pós-graduado em: Metodologia de Ensino de Filosofia e Sociologia. Professor da Rede Estadual de Ensino.

O ano de 2020, ainda que concebido sob diferentes ângulos, marca, singularmente, a história da humanidade. Incontestavelmente, não será efêmero como outros ou fatos. Neste os desafios se avolumaram. Inusitadamente, o COVID-19, rompeu com o corriqueiro, abalou, destroçou projetos, imperiosamente exigiu que ações fossem repensadas e conceitos reformulados ou mesmo descontruídos.

Uma situação que estigmatiza as nações, incontestavelmente, não poderia deixar de instigar analises e conceitos diferentes, porém, salutares, até porque, ainda que relutem, a unilateralidade configuraria mais despotismo do que, propriamente, unanimidade. Diante dessa complexa situação há os que ponderam que o COVID – 19 e suas consequências se apresenta, oportunamente, como um momento transitório, na pior das hipóteses, como mera “punição”, um mal necessário para instigar os indivíduos a uma análise de consciência. Em outro grupo, de viés apocalíptico, estão os que com análise de cunho fatídico, que de maneira narcísica, claustram-se no próprio eu. Com atos meramente contemplativos, (não se quer fazer a apologia a práxis marxista), veem suas forças definharem e, agonizantes, deixam sucumbir as expectativas e as esperanças.

Espanta que, o que era tão somente uma hipótese, elucubração compartilhada nos encontros de amigos sob a égide de romper com a monotonia da vida organizada, regrada e socializada, subitamente, como que, sob a dadiva de uma divindade, esses devaneios, no ano de 2020, deixam a imaterialidade e assombram a humanidade.

Inegavelmente, não diferente de fatos de outros anos ou épocas, como toda situação nova, a circunstância atual impactou, pois trouxe em seu bojo novos desafios que implicaram e implicarão em mudanças substanciais de valores subjetivos e sociopolíticos que, a curto, médio e a longo prazo, refletirão na dinâmica das relações, afinal, suas máculas, indubitavelmente, se prolongarão por incontáveis gerações.

Passados alguns meses em que tecnicamente o isolamento social foi observado como uma forma relevante para inibir o processo de contágio é comum e gera espanto que, até mesmo quem fazia apologia à individualidade, ao isolamento, ao distanciamento das relações sociais, vociferarem que isolar-se é desafiante e que a tecnologia com suas ferramentas que rompem divisas, encurtam distancias, antes tão “aprazíveis” – talvez porque no ensejo representava o posicionar-se contra – em poucos meses, ainda que útil, tornou-se monótona, está longe de suprir a proximidade, o diálogo, a interação da vida real lapidada, pelo homem, a milhares de anos.

Os apologistas da socialização, de repente, se flagraram reféns dos seus próprios conceitos e, muitos, certamente, perceberam que entre teoria e pratica há uma expressiva dicotomia. Enfim, toda essa situação manifesta, a dinamicidade da existência. Nada é unânime, estático. Tudo flui e nesse processo existencial multifacetado vive-se um contentamento descontente que, embora angustie, que para muitos é fator desencadeador do caos, coloca o homem em movimento, impulsiona a romper com a inercia.

As certezas, enfim, aquilo que parecia duradouro, quase eterno, dogmático, a partir de 2020, ganha nova percepção. Na segunda década do século XXI, ao contrário da dicotomia entre Idade Média e Idade Moderna, ciência e religião se flagram necessárias uma da outra, confluindo para a percepção de que não se bastam. Nem ser superior, nem ciência. O ser humano, tem a cruel sensação de estar sozinho e, aí, ganha ênfase o viés evolucionista, ou seja, os indivíduos que conseguiram biologicamente evoluir, supostamente, estariam em condições de seguir o itinerário existencial, prolongando sua existência e espécie, enquanto os demais sucumbiriam no caminho. Nesse estágio o homem se percebe compondo a natureza, ou seja, a ideia de que o homem a controlaria, que a transformaria, a subjugaria aos seus interesses se torna fictícia, pois a natureza com seu senso de seletividade, parece se impor e atua também sobre a espécie humana, que pelo seu grau de evolução, por mais animal que seja, se sentia menos animal que os animais pertencentes as demais espécies.

O Estado tenta esboçar reações, pois como instituição é uma das suas incumbências, mas a veemência pontual, em relação ao COVID-19, não ofusca o relaxamento, as negligencias, a banalização em relação a outros fatos, situações que demandariam também ações contundentes.

Joelcir Zeni. Bacharel e Licenciado em Filosofia. Pós graduado em: Metodologia de Ensino de Filosofia e Sociologia. Professor da Rede Estadual de Ensino. Foto: Leandro Medina

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