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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Professor sonha em formar novos educadores em aldeia indígena

14/10/2019 09h54 – Atualizado em 14/10/2019 09h54

Professor sonha em formar novos educadores em aldeia indígena

Aluno da Ulbra, Asor, atua e reside junto aos nativos há 17 anos

Por Andréia Pires-Jornalista – MTb. 17.976

A educação a distância da Universidade Luterana do Brasil permite que o conhecimento ultrapasse fronteiras, levando a qualidade de ensino da Ulbra aos lugares mais longínquos e improváveis do país, onde, por vezes, não existe sinal de telefonia, mas, através do acesso à internet via rádio, é possível se conectar ao mundo.

É assim com Asor Muniz Belote, 45 anos, acadêmico do curso de Letras – Língua Portuguesa e Respectivas Literaturas do polo Comodoro, no Mato Grosso do Sul. O pedagogo, natural de São Paulo, encontrou na EAD a oportunidade de realizar a segunda graduação dentro de suas possibilidades.

“Uma colega professora indicou a Universidade para que eu cursasse Letras. Ela já havia se inscrito no vestibular e me incentivou para que também fizesse. A modalidade a distância se tornou bem mais atrativa para mim, uma vez que moro e atuo em território indígena, o que dificulta a participação em aulas presenciais”, conta o educador, que pretende, através desta nova formação, assumir funções em nível fundamental completo e médio, obtendo, assim, condições de ter maior suporte para desenvolver atribuições do cargo atual de diretor, onde faz a mediação entre Poder Público e o povo indígena. “Represento os indígenas junto a órgãos como Ibama e Funai, e, como servidor, sou enviado da prefeitura para ser seu porta-voz dentro da aldeia”, explica.

Pai de dois filhos e casado com a também docente da área, Terezinha, Asor explica que seu objetivo profissional é o de trabalhar na formação de novos professores dentro da aldeia. “Minha trajetória em escola indígena iniciou em 2002, quando, já residente entre os nativos, uma colega entrou em licença maternidade e assumi temporariamente suas atividades”, acrescenta.

De lá para cá, já se transcorreram 17 anos que o acadêmico atua e mora junto aos indígenas, desenvolvendo uma relação de proximidade e confiança. “Somos colocados em situações de desafios e superações todos os dias. No meu dia a dia, tenho contato com profissionais da educação e me relaciono com órgãos públicos que buscam atender os interesses dos indígenas, ponto em que assumo a posição de mediador de contato e relações humanas”, salienta o educador.

Quando questionado sobre o que significa para ele trabalhar junto a esta cultura, Asor responde: “Para mim, é um divisor de águas. Um antes e um depois. Antes de morar e conviver com povos indígenas tinha um conceito a respeito. Hoje, considero que estava equivocado, nutrindo o que, na verdade, era um preconceito”.

A cultura local

O povo indígena Pareci, habitante de um território com 60 aldeias, possui uma ligação muito forte com a água. As relações familiares são outro ponto de destaque, uma vez que os avós são mais responsáveis pelos netos que os próprios pais. “Isto se explica pelo fato de os filhos casarem muito novos e de existir uma política interna própria e bem estruturada”, completa o professor sobre a comunidade seminômade.

As comunidades pouco populosas abrigam cerca de 50 pessoas, que, por conta da escola e outras estruturas físicas, abrem mão da atitude de trocar com frequência de endereço. Asor acrescenta: “O respeito que temos aqui é outro ponto de destaque, pois é incomparável. As famílias participam de forma eficaz no processo de escolaridade dos filhos, facilitando, e muito, o processo de ensino e aprendizagem”.

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