12/06/2018 18h37 – Atualizado em 12/06/2018 18h37
Na Copa do desencanto, o Brasil deve ser forte para sorrir !
Por Fabiana Varela Trad
Os rituais que precedem aos jogos, torcedores de pernas trêmulas e boca seca, o churrasco, a cerveja, o samba, as superstições, os fogos que pipocam céus brasileiros, as ruas pintadas de verde e amarelo, as bandeiras penduradas em cada esquina… isso passou, já não existe mais.
Do alto dos meus 17 anos, lamento o desencanto.
As pessoas já não querem sentir o abraço enérgico após um gol, não se interessam em compartilhar da mesma emoção, os churrascos já não mais unem a torcida, o samba não carrega mais o mesmo ritmo, os fogos já não reluzem mais, os gritos já não ecoam como antes. O desencanto pelos pequenos prazeres cresce e destrói nossas esperanças. Dizem que existem coisas maiores com que se preocupar.
Talvez seja a culpa dos 7 a 1, da economia e dos problemas de um país manchado pela desestabilização. É preciso esclarecer que mudanças só ocorrem porque aqueles que a reivindicam compartilham um mesmo sentimento: amor pela pátria. O patriotismo não é, nem se assemelha com a conformidade, antes, é preciso amar para propor as mudanças necessárias. Estamos vivendo uma onda de ódio perante nosso país que fragiliza o mais nobre sentimento social e nos ludibria a ponto de fazer-nos pensar que mais vale demonstrar a desesperança e o desencanto através de comentários que expelem ódio em redes sociais do que a verdadeira vontade de propor a mudança através do amor que sentimos.
Precisamos sim lutar pela saúde, educação, segurança e melhorar a economia, mas não há a necessidade de condenarmos os pequenos prazeres que colorem uma saudável comunhão, muito menos de culpá-los por nossos problemas sociais. Não podemos esquecer da união que o futebol nos proporciona, do samba que dançamos, do churrasco que nos confraterniza, dos fogos que enfeitam a emoção que nos une. Uma única faísca que promova o congraçamento de um povo tão desencantado é sempre bem vinda.